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sábado, outubro 30

Não se lamente pelas perdas. Elas são necessárias para voltar a se encontrar...
[Richard Bach]


É só um cara. Não o “denso lago de mistérios gasosos onde você mergulhou e ainda não submergiu”. Nem o “sustentáculo de todos os ossos de seu corpo”, tampouco “o mármore onde está gravada a suprema razão de sua existência”. É só um cara.
E quer mesmo saber? É um cara como todos os outros caras.
Esse que te perguntou as horas no meio da rua – podia ter sido ele e você nem ligou. O mendigo, o ginecologista, o padre, o dealer. Ele estava ali o tempo todo. E ele não estava. Ele é só um deles. Vários.
Uma legião. E ninguém.
É só um cara. E não a sua vida. E não todos os dias da sua história. E não todas as suas lágrimas juntas em um único sábado solitário. Ele não é o destino. É um cara. Existem muitos destinos.
Ele é só um cara que mal sabe escolher os próprios perfumes. Não sabe sangrar. Não sabe que nome daria a um filho. Não pode ficar mais tempo. Ele é só um cara perdido como muitos outros caras que você encontrou. E perdeu.
Ele é só um cara. E você já esqueceu outros caras antes.

[Desconheço o autor]

2 comentários:

  1. Nossa! Perfeito! Isso é verdade, as vezes damos tanta atenção e ficamos chorando, tristes, por apenas " Um cara", que no futuro também iremos esquecer, ou pelo menos lembrar de tudo sem doer, tanto.

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