Foi só desabafo, essa carta eu nunca entreguei...

As duas cartas de amor mais difíceis de escrever são a primeira e a última. 

[Francesco Petrarca]

Escrevi essa carta 
Para que pudesse te dizer 
Da dor que me corrói 
Quando você não está aqui 
Serve apenas pra bordar saudade 
E tecer de vez essa barreira 
Machucar ainda mais o coração 
Da anônima costureira 
O que me fez sentir saudade 
E beber o veneno da dor 
O antídoto para meu sorriso 
É sentir o seu amor 
O mesmo que me abandonou 
Foi vigarista e mascarado 
Que me afogou nos meus prantos 
Com o coração desamparado 
E hoje só me restou lágrimas 
De desespero e lamúria 
É por isso que desabafo 
Escrever é minha fúria 
E quando penso em fugir 
É para os becos da escuridão 
Onde vivo o arco-íris 
Preto e branco do coração 
Aí você diz pra mim 
Que é só de amor que eu sei falar 
Que quer colorir o vermelho 
Do ser que me faz te amar 
O fim de tudo é simples: 
Eu não consigo te odiar

Garçom, traga-me um copo de leite! 

Um brinde a tudo que me faz chorar...

Eu tentava me conformar, como tentei muitas vezes já. Tentava explicar pra mim mesma que essa é só mais uma perda e perdas acontecem. Mas no fundo eu não conseguia entender a razão de estar em meio a tanta gente e me sentir vazia e sozinha. E era isso que eu sentia "a tal da solidão que em minha alma desencadeia a maior e mais triste das avalanches, é o que 'Dizem por aí', mas essa só o meu poeta Pablo diria"

Evelyn Dias

[Fotos tiradas do blog de Lia Araújo]