Páginas

domingo, março 17

Previsão do tempo: Parte X Ressentimentos

      Tenho andado distante, talvez até longe de mim mesma. É inexplicável, embora indiscutível, pois procuro conversar para encontrar respostas.
     Se fico calada e meus olhos não conseguem transmitir o que se passa dentro de mim, é inútil qualquer passagem que compras. Qualquer viagem pode aumentar a distância. Confesso que antes de bagunçar a sua mente com expectativas e devaneios próprios das minhas palavras, queria me entender e caso fosse uma necessidade escolheria o desabafo. Porém, sinto o que não queria sentir e procuro uma saída sem que eu tenha que conhecer esse problema. Senti-lo já é dilacerante, aprofundar-me seria perigoso.
     Você deve está se perguntando nesse momento, o que então você pode fazer, o porquê de ser você e se isso realmente te afetaria o juízo. Creio que com a mente agitada que possui, foste o destinatário ideal para mostrar-me a cura ou o esquecimento. Perdoa-me, embora seu e-mail fosse o único contato que me resta. Mas, não me culpe por isso, venho porque preciso da sua ajuda, não suportaria mais acusações.
     Há pouco tempo acreditava que a perfeição existia, mas os fatos nos surpreendem e nem tudo é como queremos. Não pedi para está aqui, isso tampouco é uma escolha, se fosse, não queria passar por isso.
     Sinto como se o mundo desabasse em minha cabeça, a dor, o peso, as lágrimas, tudo é real, mas, seria impossível que isso viesse a se repetir. Sim, o mundo já caiu várias vezes, ultimamente tenho desviado, talvez pelo falso destino, pisei em uma base falsa. A verdade é que me sinto sem chão.
     Por favor, não me deixe. Preciso que fique até o fim, mesmo que este já tenha começado. Não tardo, caso me ajude, sinto que posso voltar. É esse sentido que ainda me move, mantenho minhas forças na esperança que contém em você, a minha já não existe ou eu nunca precisei dela.
     Como já sabe, não gosto de surpresas e essa tem sido a pior. Por não ter sido a única, não devo odiá-la tanto, mas detesto ter que vivê-la. Os prantos já são muitos, mas eu tentei ocupar-me com outras coisas e ocultar esse sofrimento. Sou insuficientemente forte para conter as lágrimas que, ao escorrerem em minha face, lembro-me do enfeite que dariam numa moldura a qual faria caneta.  Mas, isso não é uma carta.
     Cartas, já o enviei muitas. Lindas inclusive. Mas, por um acaso qualquer ou uma premissa repentina, escrevo-te desesperadamente a fim de que controle essas sensações infames que insistem em me maltratar. A dor já passa das 20:59h, e como ainda são nove, suponho que passaria a madrugada em claro, apesar do escuro que me preencheria. Não chamaria de sofrimento, porque é sempre e não um instante e já estou sem controle. Desliga-me ou troca-me até que o defeito seja concertado e isso tenha sido apenas um mau contato ou desentendimento.
     Não fazer nada é quase um martírio e a indecisão é um poço sem fundo. Peço-lhe que venha o quanto antes, não se faz necessária uma resposta, basta as que procuro. Não se perca, só você sabe como me livrar desse sofrimento. Não demore enquanto o espero. Se der, more. Eu o acolho. Do contrário, tentarei a sorte.

Evelyn Dias